quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Casa no bairro


Guardava com ela pensamentos
Pensamentos em forma de palavras que poderiam abrir portas, fazer voar suspiros e acelerar corações
Ou muito bem podiam fechar um processo e tornar alguém um mestre para uma vida que continuaria
Não arriscava.
Não posso dizer que chocava estes pensamentos, porque eles jamais viriam a bicar o chão; fazer barulho no mundo.
Era isso: os pensamentos ficavam presos em calabouços negros, ora pensava que era quente e cheio de flores, mas não! Eles ficavam armazenados em lugares sem vida, sem sol, crônicos e endiabrados, porque vira e mexe a perseguiam e pré-ocupavam suas noites e manhãs.
Era medo de quê isso???
Medo de perder o que tinha feito? Medo de perder esta felicidade estranha, introvertida e limitada.
Visitava os pensamentos às vezes. Montava sonhos, curtos sonhos; afinal não tinha energia vital para dar continuidade... não arriscava, o quê?
Da onde ela pensou que a vida tinha sentido no esconderijo?
E os desenhos devem ser mostrados, a opinião deve ser dita, o não deve ser internalizado.
Existe vida quando se nega, quando se pensa ao contrário, quando não se quer.
Estava prestes a explodir o castelo solitário e jamais visto.
Estava prestes a morar em uma casa em um bairro qualquer na zona norte de uma metrópole.
Já começara a jogar os milhos no chão... para que um dia achasse caminho de volta para sua casa no bairro, se este ficasse irreconhecível.

Um comentário:

  1. Era ela, em conjunto com as coisas dela, dentro e fora!
    E quando ela se adentra ao sentido do nunca-vivido, ela rompe.
    Ocupando-se em pegar cada migalha, para ver o seu miserável tempo se esvair diante de seus olhos.
    Não importa aonde ela quer morar, a sua morada interna está cedendo, e as suas paredes estão rachadas, cheias de infiltrações.
    Infiltram-se os sentimentos antigos, os novos esperam um novo lugar para habitar.
    No vazio, no tempo que se abre para ela, a linguagem se manifestará no silêncio do oculto.
    E não existe esconderijo melhor do que si mesmo.
    Deste recolhimento nasce um acolhimento.
    Ali, as coisas brotam, volta a vir-a-ser novamente o vivido.
    O nunca-vivido por ela a surpreende, tanto que, ela pode habitar qualquer mundo, espaço, que ela ainda estará a procura de si mesma.

    Adorei o texto li, meus parabéns.
    Amo.

    ResponderExcluir