
Ele comentava sobre a cama com lençol florido.
Ansiava em dizer sobre as letras japonesas que não combinariam com as flores, mas desejava palavras como amor e fé em seu travesseiro quando fosse morar com ela.
Dizia sobre os planos no trabalho, sobre o chefe que cuidava bem das folhas dos contratos.
Olhava as curvas que formavam os olhos de sua moça, cada pêlo de seu cílio e o cheiro que sentia quando ela cruzava o seu caminho. Os cabelos de sua moça voavam pela janela e sua visão parava pensando: um dia acordou ao seu lado e informava sobre a escuridão que teve sua alma... pensava sobre.. as músicas que ela cantava enquanto tentava ler um livro de difícil compreensão... imaginava a cor que a moça ficou enquanto dançava ao seu lado após ter conseguido tirar 10 em uma prova de psicanálise.
Ela somente enrolava os cabelos no dedo e prestava atenção na gota de suor que rolava no pescoço de uma senhora de idade sentada a sua frente. Lia calmamente os lábios de um casal que estava em pé, imaginava um som que poderia sair do dedo de um garoto sentado na escada do ônibus.
Ela sentia o calor que abraçava o coletivo e orava para chegar logo em sua casa, tomar o seu banho. Fazia tudo, menos, prestar atenção nas letras japonesas que ele sonhava em seu travesseiro.