quarta-feira, 16 de abril de 2025

Trauma


 Mesmo face a desgraça máxima

Colocou-se a disposição para olhar o que poderia ser dilacerante

Com a notícia, pôde apenas acolher e engolir

Era subserviente a dor do outro

Gestava e perdia sua mãe

O feminino gigante bateu em sua porta

Guardava o segredo, sangrava e doía o corpo novo

Sentiu-se feia, rejeitada e inadaptável

Tentou ser o que não é para segurar o que não sabe

Mas, precisava seguir

Perdoar é concordar com o coração, ela pensou. 

Esqueceu o que fora perdoar

De qualquer forma, só decorou o que poderia ser e não foi

Em sua alma florescia flores que pesavam suas costas

A cólera passeava em seus olhos, braços, dedos e pensamentos

Enrijecia com a dor e o medo

Não queria mais cuidar

Sabia que era sofrido

Planejou em como levar e olhar 

Era difícil 

Alguém puxou e mostrou

Sem estar preparada, sem ser em seu tempo

Através do choro pode ver e sentir o quanto a mancha escura ocupava sua alma

Pisava em seu coração

Porém, sabia apenas acolher, esconder, não expor

Não era essa a via de auto cuidado

De longe, enquanto protegia a vergonha do outro, se via

Estava com medo, descontrolava a chorar

Pequena, sem mãe, sozinha

Um choro ressentido de três anos