sexta-feira, 23 de abril de 2010

Desafinando



O medo daquele momento era mais concreto
Aviões que ainda não decolam
Só faço decolar pensamentos
Decolar pêlos com o contato daquele rosto em seu tornozelo
O medo daquele momento era mais concreto
Linda era a vela que você apagou cuspindo
Namorei essa vela durante a sua madrugada de sono
Suspirava por não ter um fósforo
Dormia com o rosto colado em seu peito
Coração desritmado fez com que eu pegasse as malas e partisse
Abri mão daquela luz que entra em seu quarto às 8
Muda a cor de sua pele, dos seus olhos e o tom de sua voz
O medo daquele momento era mais concreto
Mais do que aquela lágrima que vem não sei da onde
Vem escorrendo do silêncio, do fundo e da divisão
Vem escorrendo fazendo um barulho grosso, desafinando nos trastes de seus traços
Quase rasgando a pele, parecia cutucar o olho para poder respirar em seu rosto enquanto rolava... rolava ...
Parou em sua boca, salgou.. não lambi
O medo daquele momento era mais concreto
Mais concreto que deixá-la sozinha com a música tocando
Sozinha com as idéias angustiantes que a fazia rir sem parar
Não queria estar quando você brecasse tal riso e caísse no chorar
Queria apenas
Sentir de longe, pedir para que deprima e volte a dançar.
Volte a dançar.